domingo, 2 de agosto de 2009

Estamos doentes e a culpa não é da gripe suína?

Toda vez que um especialista é chamado a falar sobre gripe suína na TV, rádio ou jornal, fico na vã expectativa dele tocar no X da questão. Alguns especialistas até chegam a dar a senha do real problema que temos, lembrando que o crescimento da população mundial impõe uma produção massiva de alimentos, cada vez mais industrial, mas evitam criticar diretamente.

Tô pagando pra ver quem será o primeiro a dar o nome aos bois: a gripe é do modelo industrial de produção de alimentos, não dos porcos.

Enquanto isso, gripes suína e assemelhadas (aviária, por exemplo) continuarão a surgir, umas mais fortes outras mais fracas (como a atual), por conta dessa excessiva aglomeração de animais em espaços diminutos, todos alimentados com rações carregadas de agrotóxicos (e transgênicos) e tratados indiscriminadamente com antibióticos - ver aqui e aqui. Ferem o sândalo e ainda querem sair perfumados…

Pense nisso cada vez que for ao supermercado comprar alimento industrializado ou mesmo carne (bovina, suína ou de frango). Podem ser produtos mais baratos do que outros fabricados de forma ética, como os orgânicos, mas é o clássico caso do barato que sai caro. Enquanto nós, consumidores, não dermos mostras à indústria de que não queremos mais produtos fabricados às custas da saúde do planeta e nossa, nada mudará. E não é tão difícil fazer isso: consumir menos carne, dar preferência aos produtos que não usam agrotóxicos nem são fruto de práticas anti-éticas, ter uma alimentação mais equilibrada, se informar.

Tem gente no entanto que prefere pateticamente circular por aí de máscara e por a culpa nas autoridades. Paralisados em suas zonas de conforto, posando de vítimas, se deixando aterrorizar pelas manchetes, aguardando o próximo surto de gripe.

EM TEMPO: Para acabar com essa paranóia estúpida em relação à gripe suína, sugiro a leitura deste artigo do New York Times. Basicamente, diz: o vírus não é mais ‘mortal’ que a gripe comum e lavar as mãos regularmente é um procedimento pra lá de bem-vindo. O resto é cultura do medo.

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